O dia em que a Internet deixar de ser…
A internet está em plena evolução, e se aproxima o dia em que deixaremos de pensar nela, e o salto de qualidade e abrangência da internet, que é tão jovem, impressiona. Lançada comercialmente no início dos anos 1990, a rede já tem quase 3 bilhões de usuários e conecta 6 bilhões de objetos mundo afora. O acesso é feito por computadores, smartphones, tablets, relógios e printers. Cargas, veículos e satélites também estão na rede mas ainda faltam qualidade e confiabilidade. Mesmo em países ricos, conectar-se exige saltar obstáculos, pois o usuário precisa pensar se há internet sem fio à disposição, no tamanho dos arquivos que deseja enviar ou receber, na velocidade da conexão, nos preços dos pacotes, e na qualidade do acesso. Em São Paulo, Xangai, Berlim ou New York, o Wi-Fi dos hotéis é precário. Publicar uma foto numa rede social durante um show de música é um lance de sorte. Agora, há uma previsão para que os obstáculos sumam, e se estivermos certos, em 2025 a internet desaparecerá de nossas preocupações.
A próxima geração de redes de telefonia móvel, a quinta, chamada de 5G, promete transformar a experiência do acesso. É a evolução das redes em implementação no Brasil hoje, de quarta geração, ou 4G. Uma rede 5G será mais veloz e estável. Um cético, com razão, poderá se lembrar de promessas anteriores, frustradas. Desta vez, há duas grandes transformações a considerar.
A primeira é que a velocidade de transmissão deixará de fazer diferença. Nos saltos tecnológicos anteriores, entre a primeira e a quarta gerações de telefonia móvel, do 1G ao 4G, a velocidade se multiplicou por 100 mil (da faixa de 1 Kbps para 100 mil Kbps, ou 100 Mbps, a promessa das redes de 4G atuais). As conexões 4G de hoje raramente cumprem o prometido. Costumam oferecer só um quinto da velocidade potencial. O que importa é que o aumento da velocidade, desde os anos 1980, e as oscilações que ela sofre nas redes atuais ainda estão dentro do alcance da percepção comum. Cada nova geração tecnológica significou mais facilidade, bem perceptível, para baixar uma foto ou assistir a um vídeo. Mas cada oscilação na velocidade também significa, ainda hoje, incômodos segundos a mais para baixar a foto ou assistir ao vídeo. O 5G levará a velocidade a outra escala, acima das necessidades que temos hoje. Oscilações na transmissão farão diferença de frações de segundo, abaixo da percepção humana.
Dispor de uma velocidade de transmissão real de 10 Gbps, 500 vezes a atualmente oferecida pelo 4G, significaria parar de pensar se sua conexão é rápida ou lenta. Nessa velocidade, ela apenas “é”, como a eletricidade – está ligada ou desligada. O avanço, a partir daí, será imperceptível. Para o tipo de conteúdo mais pesado que transmitimos atualmente, como filmes, velocidades de 10 ou 15 Gbps dão na mesma.
A definição do padrão está prevista para ocorrer em 2018. “O 3G levou nove anos para ser adotado. O 4G, cinco. É provável que o 5G leve menos que isso. As janelas de inovação estão mais estreitas”, diz Weng Tong, pesquisador do Centro de Pesquisa do Canadá e cientista do laboratório de tecnologias sem fio da empresa de telecomunicações Huawei, em Xangai, na China. Um estudo da Huawei tenta dar uma ideia de como será o mundo em 2025 (leia os dados no quadro abaixo). Serão gerados, anualmente, 177 zettabytes de dados – 46 vezes o que se produz hoje. A tecnologia sem fio 5G, sozinha, não atenderá às necessidades desse mundo futuro hiperconectado. Deverá ocorrer a difusão da banda larga fixa, por meio de fibra óptica.
Por: BRUNO FERRARI, E MARCOS CORONATO